quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A crise de 2008 e investimentos financeiros no Brasil

(Cintia Espindola)

O atual modelo econômico adotado por grande parte das maiores economias do mundo é o neoliberalismo, que tem como premissa a flexibilização do movimento da circulação financeira. Portanto, no contexto atual, grande parte da economia mundial está interligada através de diversas transações financeiras que envolvem diversos países.

O surgimento da globalização, que é a interligação dos mercados globais, propiciou nas últimas décadas a facilitação desse fluxo financeiro, e através das políticas adotadas a tecnologia e a diversificação das transações tem crescido a ritmo ainda mais acelerado.

Pode-se dizer até certo ponto que toda essa interligação e interdependência dos mercados é positiva, pois ao mesmo tempo que ela promove a competição e o avanço tecnológico, ela também promove uma maior vulnerabilidade das economias aos fatores externos. Portanto, uma crise num país acarreta problemas a outros diversos países que com ele estabelecem relações comerciais.

Temos como um bom exemplo disso à crise financeira mundial de 2008, que se iniciou nos EUA, devido a ocorrência de um grande problema econômico financeiro, no mercado americano de imóveis, chamado por diversos especialistas de “bolha imobiliária americana”. Esse problema surgiu da extrema facilidade de crédito oferecido aos compradores de imóveis, que por não honrarem as suas dívidas, causaram um rombo nas contas de grandes bancos de crédito e seguradoras.

Essa crise, como mencionado acima, surgiu nos EUA, porém não afetou somente este país ela tomou proporções mundiais, pois o crédito oferecido a esses clientes de segunda linha com pouca capacidade de pagamento (crédito para clientes subprime) foi lastreado em títulos e esses títulos foram vendidos mundialmente. Na medida em que os devedores americanos não pagavam suas dívidas, o valor dos títulos ia caindo e em casos extremos viravam pó (perderam o valor de mercado). Logo, vários países foram afetados por essa crise, bancos faliram, o crédito ficou escasso e no seu final a crise se tornou tão grave que afetou a economia real mundial, resultando em desemprego.

Várias economias mundiais entraram em recessão, o que acarretou um impacto profundo no nível de atividade econômica dos países exportadores. Este processo recessivo mundial impactou de forma dramática as economias dos países desenvolvidos a partir do terceiro trimestre de 2008. Embora já ocorresse uma queda considerável na demanda interna nesses países desde 2007, foi pela repentina redução nas suas exportações de produtos industrializados de alto valor agregado que se conflagrou a contração de suas demandas internas.

A crise fez com que o impacto no Produto Interno Bruto desses países fosse traumático. O Banco Mundial projetou uma queda no PIB global de 2,9% em 2009, ante o crescimento de 1,9% ocorrido em 2008.

Como vimos, o mundo inteiro se viu mergulhado em diversos problemas devido a este fenômeno que propagou rapidamente. Mas os países que mais foram afetados pela redução nos gastos com investimentos dos países desenvolvidos e em desenvolvimento foram China, Alemanha, Taiwan e Estados Unidos.

O Brasil como o restante do mundo também sentiu os efeitos devastadores dessa crise financeira, a Bovespa, uma das maiores bolsas de valores do mundo, registrou grandes perdas nesse período e ocorreram cancelamentos e postergações de diversos projetos de ampliação industrial para 2009. Mesmo assim, o seu impacto não foi tão grave e nem tão devastador na economia brasileira. Até porque neste mesmo período o índice de investimento no Brasil aumentou significadamente, a expansão foi de 15% em relação ao ano anterior.

De acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista ao "Estadão" em 04 de fevereiro de 2009,
     “(...) o crescimento dos investimentos foram estimulados pela evolução da demanda doméstica, que teve um avanço de 14% em 2008, na comparação com 2007, ampliando a capacidade de consumo dos brasileiros. E o Brasil conquistou a confiança internacional e o reconhecimento como um país sólido, tanto que recebeu US$ 45 bilhões em investimentos estrangeiros diretos em 2008, ano de agravamento da crise financeira internacional. O Brasil talvez seja hoje uma das economias mais promissoras. O PAC colocou o país em condições bem mais favoráveis para enfrentar a crise. Se não tivéssemos lançado o PAC em 2007, teríamos dificuldades agora, o Brasil acabou inspirando muitos outros países a lançarem programas de investimentos semelhantes ao PAC. O programa promoveu uma elevação no ritmo de crescimento da economia brasileira, permitindo, entre outras coisas, a acumulação de reservas internacionais e a redução da vulnerabilidade externa do país. Essa menor vulnerabilidade permitiu que, em 4 meses de crise, que o país não tivesse uma perda maciça perda de reservas internacionais, como ocorreu em outras nações. Nós passamos por essa fase mantendo as reservas praticamente intactas.”
Já de acordo com Affonso Pastore,
“(...) os vigorosos ingressos de capitais no Brasil não se deu somente pelo regime de política econômica, implantado no governo FHC e seguido no governo Lula. Deve-se, também, ao fato de que as baixas taxas de juros nos EUA e o crescimento chinês permitiram um ciclo de forte elevação dos preços internacionais de commodities, que impulsionou as exportações e, consequentemente, o crescimento do país.”
Logo podemos ter a seguinte percepção, que por o Brasil ter vindo implementando antes do estouro desta crise um regime de politicas econômicas fortemente estruturadas visando uma estabilização econômica de médio e longo prazo, tendo como exemplo de uma delas o programa PAC ( Programa de Aceleração do Crescimento ), proporcionando um movimento muito positivo da economia aumentando consideravelmente o consumo interno, seja pela facilitação da concessão de crédito ou pelo controle e diminuição da taxa de juros.

Um comentário:

  1. Olá, gostaria de algumas dicas sobre a previdência privada, pode ser?

    ResponderExcluir