quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Impactos da crise internacional sobre os investimentos estrangeiros no Brasil

(Paula Frazão)

A crise financeira internacional de 2008 repercutiu em diversos países do mundo. Iniciada no país de maior economia do mundo, os Estados Unidos, a crise foi originada devido ao longo período de taxas de juros baixas praticadas pelos bancos norte-americanos, com o intuito de conseguir mais crédito. Valendo-se da grande oferta a baixíssimas taxas de juros de financiamento e nas hipotecas, os consumidores compraram vários ativos, principalmente os imóveis.

No ano de 2005, o "boom" no mercado imobiliário já estava em estágio avançado. Comprar uma casa ou até mesmo, mais de uma, tornou-se um bom negócio, na expectativa de que a valorização dos imóveis fizesse dessa nova compra um investimento. Também cresceu a procura por novas hipotecas, a fim de usar o dinheiro do financiamento para pagar dívidas e, também, para poder gastar mais.

As financeiras especializadas no mercado imobiliário, buscando aproveitar essa valorização do mercado, passaram a atender o segmento subprime. Entende-se por subprime créditos bancários de alto risco, que abrangem desde empréstimos hipotecários até cartões de créditos. O cliente subprime tem renda muito baixa, e até mesmo com histórico de inadimplência e com dificuldade de comprovar renda, ou seja, um cliente com quadro de risco. Esse tipo de empréstimo tem uma qualidade mais baixa cujo risco de não ser pago é maior, mas oferece uma taxa de retorno mais alta, a fim de compensar o risco.

Essa expansão do crédito financiou a bolha imobiliária, uma vez que com a elevada procura, houve um aumento dos preços dos imóveis. Porém, a partir de um determinado momento, chegou uma hora em que a taxa de juros começou a subir, diminuindo a procura pelos imóveis e derrubando os preços. Com isso, começou uma inadimplência em massa já que as pessoas não viam sentido em continuar pagando imóveis e hipotecas exorbitantes, por conta dos juros altos, quando as propriedades estavam valendo cada vez menos.

O medo de calotes fez a economia sofrer uma desaceleração no país, desaquecendo a maior economia do mundo, com menos dinheiro disponível, menos se compra e menos as empresas lucram e menos pessoas são contratadas, levando a crise geral. Houve quebra da bolsa de valores. O auge dessa crise financeira foi à falência do banco de investimento Lehman Brothers em setembro de 2008, após a recusa do Federal Reserve (Fed, banco central americano) em socorrer a instituição. Tal atitude do banco central americano provocou um impacto tremendo sobre o estado de confiança dos mercados financeiros, causando pânico e travamento do crédito. Desde então a crise financeira levou à falência muitas instituições financeiras nos EUA e nos países europeu, ameaçando o sistema financeiro como um todo.

De acordo com dados da época, no último trimestre de 2008 a produção industrial dos países desenvolvidos experimentou uma redução muito significativa, apresentando, em muitas vezes, uma queda de mais de 10 pontos base com respeito ao último trimestre de 2007. Os bancos centrais dos países desenvolvidos foram obrigados a injetar um volume de recursos rapidamente no sistema financeiro mundial e a estender créditos para uma variedade de papéis financeiros, e tipos de instituições, jamais socorridos anteriormente.

No entanto, apesar da crise financeira internacional, o Brasil experimentou um crescimento nos investimentos estrangeiros. Segundo revistas da época, o ano de 2008 representou os maiores investimentos estrangeiros em 61 anos, batendo recordes históricos. De acordo com dados, o ingresso de investimentos estrangeiros diretos (IED) somou US$ 45,060 bilhões em 2008, o maior nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1947. O recorde anterior era de 2007, quando o ingresso totalizou US$ 34,585 bilhões.

O país foi reconhecido como “grau de investimento seguro”, sinalizando a investidores estrangeiros de que era confiável aplicar o dinheiro aqui. Esse status mostra que Brasil tem condições de honrar o pagamento da dívida pública, pratica boas políticas fiscais e arrecada mais do que gasta, ou seja, o risco de calote é pequeno, ajudando a atrair investidores que não querem aplicar em um mercado de alto risco, como acontecia nos Estados Unidos.

Tornou-se atrativo investir no Brasil. Nessa época, o Brasil atraiu inúmeros investimentos para a indústria manufatureira, mineração, e o etanol atribui bilhões de investimentos estrangeiros para o nosso país. Aliado a isso, a questão da melhora das perspectivas macroeconômicas no Brasil também contribuiu para o aumento do fluxo.

O governo vigente também foi o grande responsável para promover essa atração. Uma das primeiras iniciativas foi barrar as negociações da ALCA e abrir novos horizontes que deram sucesso. Além disso, houve o desenvolvimento de uma política industrial consistente no país, houve a retomada da indústria naval, compras da PETROBRAS sendo feitas dentro do país. O governo também procurou dar mais segurança no mercado de câmbio com a decisão de realizar os leilões de linha de crédito com o compromisso de recompra.

Todos esses fatores permitiram que apesar da crise internacional financeira que afetou todo o mundo, o Brasil conseguiu ser um atrativo no que se refere aos investimentos estrangeiros uma vez que representava segurança e perspectiva positiva no mercado financeiro.

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