quarta-feira, 23 de março de 2016

A retração da atividade manufatureira no estado de Nova York

(Kilder Emanuel)

setembro de 2011
Analisando a economia Norte Americana, que por sinal, ainda se encontra muito longe daquilo que víamos na década de 90, neste mês de Agosto, mais um lastimável número veio a tona: a queda das indústrias manufatureiras em New York pela terceira vez neste ano.

As fabricas nova-yorquinas que lideravam cerca de 12% da produção manufatureira dos Estados Unidos, vem enfrentando uma constante queda neste ano de 2011. O índice "Empire State" de condições gerais de negócios caiu de -3,76 em julho para -7,72 neste mês. Economistas Norte Americanos, foram mais uma vez “pegos de surpresa” pois os mesmos previam uma leitura de zero para este mês de Agosto. A pesquisa com as fábricas no Estado de New York é um dos primeiros indicadores da atividade manufatureira nos Estados Unidos.

Analisando este cenário, começo a me questionar se os norte-americanos estão sendo muito “naives” à respeito do grande desafio que terão que enfrentar, entendendo a situação apenas como uma queda natural, ainda mais levando-se em conta que suas empresas vem abrindo “facilities” em países de mão de obra barata. Será que a “abertura” dos Estados Unidos para o comércio exterior tomou um rumo incontrolável, ainda mais tratando-se de um país com um acentuado viés consumista ? Ainda mais praticando um “outsourcing” ou talvez um verdadeiro “insourcing” para suprir desta demanda consumista ? Vamos analisar alguns fatos que podem mensurar a queda destes números a valores ainda mais baixos.

Estados Unidos, Canadá e México formaram em 1994 o Nafta (North America Free Trade Agreement) com o propósito de facilitar o comércio exterior entre estes países, diminuindo as tarifas alfandegárias e custos comerciais. Porém o que ninguém pensou seria quem seria o maior beneficiado com isso, que em tese “teria” que ser os Estados Unidos. Mas será que foi, ou tem sido ?

No começo da última década e, principalmente depois do atentado terrorista de 11 de setembro de 2003, os norte-americanos começaram a sentir o primeiro golpe em sua economia. Com isso muitas empresas de manufatura, entre elas as automobilísticas que nas décadas de 80 e 90 dominavam a economia norte-americana em Detroit (cidade esta hoje que só serve mesmo para contar histórias automotivas, isso porque não vale a pena comentar a vinda das montadoras asiáticas para os EUA) começaram a perceber que a mão-de-obra norte-americana era muito cara, pelo menos em comparação com seus competidores asiáticos. Sendo assim, os CEO’s das maiores empresas de manufatura dos Estados Unidos, olhavam para suas janelas e viam um exército de trabalhadores mexicanos cortando grama dos “headquarter” americanos e ganhando, digamos, U$ 3 por hora, felizes da vida, enquanto um americano trabalhando no “chão de fábrica” ganhava algo entre U$ 8 e U$ 11 por hora e ainda saia reclamando.

Dessa maneira, baseado nesta comparação, e lembrando que o Nafta ajudava que as empresas abrissem instalações no território dos “felizes” vizinhos, iniciou-se a onda de deslocamentos de fábricas norte-americanas para o México, gerando as primeiras pressões sobre o nível de emprego nos Estados Unidos. Mas, e o México ? Como ficou ?

Bem, o México, com toda esta “bondade” de seus vizinhos, conheceu um aumento considerável no seu PIB entre os anos de 2003 e 2008, juntamente com uma alta no número de empregos que nem os mais otimistas economistas mexicanos poderiam imaginar.

Aparentemente, os economistas americanos frequentaram com muita assiduidade os textos da teoria da mão invisível de Adam Smith, se esquecendo de outros aspectos da teoria de Adam Smith, como a teoria das vantagens absolutas.

Por estas e outras razões, parecem cada vez mais razoáveis as políticas protecionistas, especialmente em relação aos acordos comerciais orientados para a criação de blocos de comércio entre países. O Comercio Exterior, sem dúvida, é algo importante para qualquer país que queira se desenvolver economicamente, e países tem sim que se relacionar comercialmente. Agora, querer fazer um bloco comercial entre países, sem a unificação da moeda, pode representar um suicídio econômico. Imaginemos o Brasil enviando indústrias para toda América do Sul, como está acontecendo, sem uma política cambial coerente, poderia aumentar a pressão no nível de emprego.

Agora, vale a pena entrar também na questão do cambio para avaliar esta relação entre EUA e México, e mais uma vez a questão é : por que EUA, México e Canadá, que estariam tão abertos ao livre comércio, não unificaram a moeda ? Isso sem dúvida poderia contribuir para estimular as relações comerciais entre os países. Com a unificação da moeda, assim como ocorreu na União Européia, EUA, México e Canadá teriam estimular as trocas comerciais sem os custos das operações de câmbio e da variável taxa de câmbio. Da mesma maneira, os EUA ainda continuariam com política ativa de salários, sem precisar de uma massiva onda de desemprego no país. Isso naquele momento parecia óbvio. Somente quando o cenário global começou a piorar, as avaliações tomaram outro rumo e um novo alcance, atingindo o Caribe e a China, com a mão de obra ainda mais barata que a mexicana, e sem tantos requisitos legais para diminuir as condições de trabalho até certo ponto desumano.

Fazendo a previsão de um cenário futuro, como mencionado anteriormente, a tendência é que a economia americana e a manufatura venham a cair ainda mais, pois o mercado chinês vem em alta velocidade atropelando as produções de bens de consumo, e o detalhe é que a qualidade vem sendo jogada de lado, e o preço baixo esta falando mais alto e ainda continuará por um período indeterminado. Isso porque eu ainda não quero entrar na questão de que a China é o maior credor dos EUA e vem “governando” os EUA economicamente, pois ninguém seria inocente a ponto de achar que a China permitiria seu maior devedor fazer acordos bélicos ou mesmo financeiro/econômicos com inimigos chineses. Parece ser lógico que não ! Isso sem contar com Brasil, Índia e Rússia que vem ganhando espaço nas margens, “comendo pelas beiradas”, como se diz.

Estando na posição do presidente Barack Obama, do Secretário do Tesouro Thimoty Geithner, ou ainda do “chairman” do Federal Reserve Bank, Ben Bernanke, eu apostaria todas a minhas fichas para um especialização da mão de obra americana na produção de serviços, procurando oferecer um “outstanding range” de serviços para comercio mundial para melhorar a economia nacional, caso ao contrario, querer ficar querendo melhorar a economia na produção de bens, que os próprios americanos não consomem, seria, como se diz, “dar murro em ponta de faca”.

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