quarta-feira, 23 de março de 2016

O futuro da Energia

(Juliana Chimenes de Melo)

setembro de 2011

Com o aumento dos níveis de consumo na economia mundial, fruto do crescimento econômico nos Estados Unidos, China e vários países emergentes, a demanda global de energia cresce cada vez mais. Por exemplo, entre 2000 e 2008, o consumo de energia na China duplicou e, em 2009, o país se tornou o maior consumidor de energia do mundo. O aumento foi provocado por obras de infraestrutura, novas fábricas e pelo aumento do consumo doméstico, especialmente de carros e eletrodomésticos. A demanda por energia na Ásia continuará crescendo fortemente nas próximas décadas e, até 2030, estima-se que o consumo de energia na região será maior do que o da Europa e América do Norte juntas.

Para suprir a demanda de energia da Ásia, Américas e África, será necessário aumentar a produção de energia em cerca de 30% até o ano de 2030, o que representa, na realidade, um grande desafio.

Nos anos 70, o petróleo, o carvão e o gás natural eram as três principais fontes energéticas do planeta e, ainda hoje, correspondem a 81% da oferta. Nos próximos 20 anos este número deve cair para 75%. A energia nuclear atraiu nossa atenção no último ano devido a crise no Japão. Na década de 70, ela representava uma fatia de apenas 1%, enquanto hoje este percentual cresceu para 5,8%.

A construção de infraestruturas no setor de energia pode levar anos, mobilizando imensos recursos financeiros. A lenta capacidade de resposta, aliás, é uma característica específica deste setor, pois os investimentos não acontecem de uma hora para a outra.

As energias renováveis, responsáveis hoje por 12% da energia global, até 2030 deverão representar cerca de 17%. Este tipo de energia está em destaque nos países emergentes. Em 2010, o volume total de energia eólica instalada nos países em desenvolvimento, principalmente China e Índia, superou o dos Estados Unidos e o da Europa juntos. A China será o país que mais investirá em fontes renováveis de eletricidade até 2035, aproximadamente 1,4 trilhão de dólares. A Índia, além da energia eólica, está incentivando fortemente a energia solar.

Entretanto quem estará em destaque nos próximos anos será o gás natural, que entre os fósseis, é o mais limpo. O gás natural emite somente metade da quantidade de gás carbônico que emite o carvão e 40% menos do que o petróleo. A Rússia possui as maiores reservas de gás natural do mundo, assim como o Brasil, que também possui grandes reservas no pré-sal, e ambos poderão se beneficiar nos próximos anos.

Os asiáticos e os países emergentes deverão se constituir nos propulsores do mercado consumidor de energia nas próximas décadas, e isto se deve ao fato de que quando um país cresce economicamente, como conseqüência, aumenta também o consumo e a demandas por habitação, transporte e energia.

A China já é a líder na importação de petróleo do Brasil. Em 2004, eles ocupavam a sexta colocação entre os maiores clientes do Brasil, ficando atrás de Chile e Portugal. Recentemente o Brasil também vem aumentando seu comércio de petróleo com a Índia. E em relação aos nossos vizinhos Argentina e Uruguai, desde 2004 estão constantemente importando energia do Brasil.

Com o aumento da demanda em todo o mundo por combustível limpo, o Brasil também pode ganhar seu espaço, uma vez que possui potencial para atender uma parte desta demanda. Entretanto, com a demanda interna em constante crescimento, o Brasil tem exportado menos etanol nos últimos anos.

O Brasil possui uma vantagem comparativa na produção em recursos naturais e um potencial energético único. As reservas nacionais de petróleo e gás natural equivalem a 16,9 bilhões de barris, número que poderá dobrar até 2020. No Brasil se produz 90.000 megawatts de energia elétrica nas usinas hidrelétricas, mas há potencial para 170.000 megawatts. Há também o etanol, a energia eólica, a energia solar e a biomassa de cana. Toda esta riqueza em recursos naturais pode colocar o Brasil como uma potência energética, porém alguns obstáculos terão que ser superados.

Hoje há falta de etanol nos postos de combustível do país e há a ocorrência de custos oriundos da falta de infraestrutura de armazenagem para reduzir a variação de preço ao longo do ano, o que requer que o governo defina uma política clara para o etanol e não só para o etanol, mas defina também uma política para a eletricidade gerada da biomassa da cana.

Também deverá ser preciso a adaptação da rede para receber a energia da indústria eólica. Hoje, o que o país possui de capacidade instalada é muito pouco. Também não existe ainda uma diretriz clara para a energia fotovoltaica, que converteria a energia do sol em eletricidade.

Estes são exemplos de que se o Brasil não se atentar, poderá não aproveitar o momento, que é uma grande oportunidade para se destacar na geração e fornecimento de energia, para um mundo no qual a demanda possui grandes previsões de crescimento nas próximas décadas.

Esta é uma grande oportunidade para o país ganhar competitividade no mercado global de energia, se especializando cada vez mais, podendo assim aumentar sua produtividade e aumentar o volume de exportações no setor.

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