quarta-feira, 23 de março de 2016

O déficit americano: sustentável ou não ?

(Gabriela Branco)

setembro de 2011 

País cuja economia e moeda são, ao longo da história moderna, referências de crescimento e liquidez, respectivamente, porém enfrentou uma crise em 2008 devido ao crédito imobiliário entre outros e atualmente enfrenta um crescimento abaixo do esperado, sobretudo diante da expectativa de risco da população frente ao conflito do déficit X política.

Como líder de mercado no setor tecnológico, os Estados Unidos concentram seu diferencial competitivo em produtos de alto valor agregado como máquinas e equipamentos. Alguns de seus principais desafios são o acordo acerca do teto da dívida bem como a decisão de onde serão cortados os gastos (setor social ou militar) entre Republicanos e Democratas em benefício da economia sustentável, reconquistar a confiança da população / consumidores e diminuir gastos excessivos como os destinados ao serviço militar até mesmo em prol de uma conduta ou política mais pacificadora.

Uma das grandes saídas pode ser de fato aumentar o teto da dívida dos títulos do tesouro (déficit) em detrimento do investimento nos setores mais performantes dando um enfoque monetário à Balança de Pagamentos, isto é, levando em consideração o risco e remuneração quase "zero" dos EUA em virtude da liquidez de sua moeda.

Analisando as hipóteses explicativas e as perspectivas, tratando-se de uma economia aberta (aproximadamente 25% de abertura), nota-se uma limitada dependência da economia mundial, e muito mais dos seus próprios mercados domésticos. Do lado das importações, trata-se de um país  importador basicamente de produtos de baixo valor agregado e produtos agrícolas muitas vezes oriundos de países para os quais deslocou produtividade (outsourcing elevado na China e Índia, por exemplo).

Possui como uma de suas “vantagens absolutas” a liquidez da moeda (dólar americano). E como uma das principais vantagens comparativas, a disponibilidade de tecnologia e de capital instalado. Como diferencial dos concorrentes internos pode-se apontar os chamados clusters como o Vale do Silício.

Analisando a relação entre oportunidades X ameaças, destaca-se a especialização cada vez mais crescente no ramo de tecnologia, por um lado, e o excedente interno de mão de obra altamente qualificada, o que pode aumentar o desemprego.

Permanece a lógica da especialização – racionalização – concentração – produtividade – competitividade, mas além da vantagem absoluta de Adam Smith, da vantagem comparativa de David Ricardo, da abundância de recursos e fatores e não somente o fator produtivo de Heckscher Ohlin, há também a existência da nova teoria do comércio de “deslocalização produtiva”, teoria do ciclo do produto e ainda a preferência por circuitos industriais densos que às vezes são pouco dotados de fator de produção competitivo cada vez mais de caráter transacional.

Composição do comércio exterior mais relacionado ao fluxo de capitais. Vendem-se títulos, investe-se em produtos de alto valor agregado e os exporta, importam-se os produtos de menos valor agregado.

Algumas das maneiras de desenvolver ou criar mais vantagens comparativas são investir cada vez mais em pesquisa e inovação, com o crédito subsidiado, por exemplo.

Como conclusão, pode-se citar a tendência de crescimento lento mais estável a longo prazo, cenário que pode melhorar se houver concordância política entre Democratas e Republicanos, fato que entre outros amenizaria a sensação de risco do mercado e retomaria a expectativa de ganho e conseqüentemente o consumo.

Nesse sentido, a Balança de Pagamentos pode até apresentar déficit, desde que a economia nacional consiga financiar esse déficit a um custo razoável mediante a absorção de capitais internacionais (tanto pelo setor público quanto pelo privado), pois dessa forma é perfeitamente possível manter o nível elevado de consumo e de investimento vigente. Contudo, os gastos dos agregados econômicos, a saber: gasto do governo, consumo privado e investimentos x poupança e resultado da balança comercial precisam ser bem administrados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário