quarta-feira, 23 de março de 2016

As perspectivas para a Vale

(Camila Gonsalves)

setembro de 2011

A Vale é a maior produtora de minério de ferro do mundo e a segunda maior de níquel. Foi criada em 1942, é uma grande empresa privada, de capital aberto. Com sede no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, e ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA), na bolsa de valores de Paris (NYSE Euronext), na bolsa de valores de Madrid (Latibex), na bolsa de valores de Hong Kong (HKEx) e na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), integrando o Dow Jones Sector Titans Composite Index, está presente também em 38 países e emprega diretamente mais de 119 mil pessoas em todo o mundo e outras 54 mil em projetos.

O Conselho de Administração da Vale é controlado pela Valepar S.A, que detém 53,3% do capital votante da Vale (33,6% do capital total). Por sua vez a constituição acionária da Valepar é a seguinte: Litel/Litela (fundos de investimentos administrados pela Previ) com 49% das ações, Bradespar com 17,4%, Mitsui com 15%, BNDESpar com 9,5%, Elétron (Opportunity) com 0,03%. Se considerarmos as ações da Previ - Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil, de gestão compartilhada, (cuja diretoria é subordinada ao Conselho Diretor da Previ, composto por três representantes indicados pelo Banco do Brasil e por três representantes eleitos por voto direto pelos participantes do plano - funcionários da ativa do Banco - e assistidos - funcionários aposentados e pensionistas) e do BNDES como de alguma influência do governo federal, este influencia, por posse ou indicação, cerca de 41% do capital votante (incluindo participações externas à Valepar). Se incluirmos a participação do Bradesco e dos investidores brasileiros, 65% do capital votante da empresa se encontram no país.

Em relação às ações da empresa, Petrobras PN (PETR4) e Vale do Rio Doce PNA (VALE5) são as duas ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo.

Os títulos das duas empresas respondem, em média, por 26% de todos os negócios fechados na Bovespa. Apesar dessa importância e de as duas terem um volume de negócios muito parecido, R$ 12 bilhões por mês em média, os profissionais de mercado preferem a Vale.

O minério de ferro é o principal produto de exportação do Brasil em termos de receita, carreou para o País US$ 28,91 bilhões em 2010, segundo os últimos números divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), um aumento de 117,4% em relação ao ano anterior. O volume das vendas cresceu, mas esse salto foi proporcionado principalmente pelas altíssimas cotações do produto no mercado internacional, que tendem a se manter elevadas neste ano. Como resultado, os royalties pagos aos Estados e municípios pelas mineradoras, por meio da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), superou, pela primeira vez, a casa de R$ 1 bilhão, ficando Minas Gerais com R$ 534 milhões e, em segundo lugar, o Pará com R$ 314 milhões. É um bom reforço para as finanças de ambos os Estados e para os municípios produtores, mas há queixas de que a alíquota da CFEM, de 2% sobre o faturamento líquido da produção de minério de ferro, é insuficiente para cobrir os encargos públicos decorrentes da exploração das jazidas.

A Vale projeta um crescimento anual de pouco mais de 16% ao ano de 2011 a 2015, superior aos 9,8% registrado nos anos entre 2003 e 2008. Atingindo uma produção superior a 500 milhões de toneladas de minério por ano até 2015.

É importante se observar que a Vale além de ajudar a impulsionar a economia do país também se preocupa com a sustentabilidade, algo que atualmente está em alta e é de extrema importância, publicando os relatórios de sustentabilidade que prestam contas à sociedade sobre a gestão da companhia e selam compromissos para o avanço de suas práticas. Com essas publicações, a Vale reafirma o compromisso com a transparência de suas atividades e com o aprimoramento de sua administração.

O documento foi preparado de acordo com a metodologia da Global Reporting Initiative (GRI), padrão adotado internacionalmente, e foi classificado com A+, nível máximo de transparência. O relatório trata de aspectos sociais, econômicos e ambientais por meio de dez temas considerados importantes para os públicos internos e externos com os quais a nossa empresa se relaciona. É a chamada "matriz de materialidade", composta pelos seguintes assuntos: comunidade, mudanças climáticas, energia, água, saúde e segurança, emissões, resíduos, gestão de talentos, desenvolvimento de fornecedores e uso da terra.

A Vale, assim como as demais empresas brasileiras, está abrindo o caminho para sua internacionalização (o que ocorre, aliás, com as demais multinacionais latino-americanas). Ainda têm muitos passos a dar para consolidar este processo, posto que apesar deste avanço recente, a expansão internacional das companhias brasileiras acontece com quase um século de atraso em relação a empresas norte americanas e europeias, que impulsionaram sua internacionalização logo após a Primeira Guerra e, cerca de duas décadas depois de indianos e chineses. O movimento de crescimento internacional das empresas brasileiras se deu, sobretudo a partir do início do novo milênio, em função de alguns fatores preponderantes, dentre os quais destacam-se a valorização do real, o fim da inflação, a estabilidade dos fundamentos macroeconômicos do país, o fortalecimento da Bolsa de Valores de São Paulo, a qualidade de gestão destas empresas de capital aberto e a competência dos executivos ("managers chandlerianos") destas novas multinacionais. Entretanto, o aprendizado inicial já lhes permite ter um conhecimento do mercado mundial, constituir equipes de executivos "expatriados" que adapta os bens imateriais das empresas do Brasil aos respectivos países estrangeiros, acessar novas tecnologias e matérias primas, assim como atender aos cada vez mais exigentes consumidores internacionais.

A expectativa da Vale é que os preços do minério de ferro continuem subindo por pelo menos mais 15 ou 20 anos. Essa previsão foi feita com base nos ciclos históricos de preço do insumo. Uma eventual recessão global também poderia afetar esse mercado, assim como um crescimento menor da China. Mas acredita-se que o reaquecimento da economia chinesa, que vem se reafirmando desde a segunda metade de 2010 vai elevar a demanda por minério de ferro no mundo.

O crescimento do mercado consumidor em países emergentes é visto como principal motor da recuperação mundial da crise financeira que ainda afeta países desenvolvidos, e, por isso, também deve ter impacto sobre o consumo de minério de ferro. É a restrição da oferta que vai pressionar os preços do minério de ferro.

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