terça-feira, 26 de junho de 2012

EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DO CAPITAL ESTRANGEIRO NA BOVESPA


(Alessandra Kunz)

         O fluxo de capitais internacional está relacionado a diversas questões macroeconômicas que podem fazer o risco do país ser maior ou menor. O risco tem como principais fatores de avaliação a capacidade do país de arcar com a sua dívida pública e o PIB. Até 1994, o cenário econômico brasileiro fez com que seu risco fosse alto sendo assim um destino pouco considerado pelos investidores estrangeiros.

                Comparado a outros países da América Latina, o Brasil teve um início tardio na captação de recursos internacionais. A “estréia” se deu na década de 90 quando o país passou por uma melhora no seu cenário econômico e vivenciou sua abertura financeira e comercial. Em seqüência, houveram duas tentativas de facilitar a entrada de capitais estrangeiros através de decretos e leis mas se mostraram insatisfatórias. Apenas no ano de 2000 com a desregulamentação e liberalização, os investidores estrangeiros puderam ter livre acesso à bolsa brasileira.

                 Com o advento da tecnologia, a globalização permitiu uma intensificação no fluxo de capitais entre os países e o conseqüente crescimento do mercado de capitais nacional. Porém, é percebido que o Brasil ainda tem uma longa trajetória até consolidar seu mercado de capitais. Apesar de toda a evolução ocorrida em um curto período de tempo, a bolsa não é a principal forma de financiamento das empresas e apresenta características de imaturidade como a alta concentração das transações em poucas ações e o reduzido número de companhias abertas.

                Atualmente, o Brasil é classificado por agências de risco como país com grau de investimento, o que tem atraído um grande fluxo de capital internacional para a BOVESPA. A importância da entrada destes recursos tem conseqüências em um melhor desenvolvimento do mercado de capitais, uma vez que estes possibilitam uma ampliação na captação de recursos pela s empresas diminuindo o custo de capital, além da influência positiva que tem sobre o mercado nacional.

             As recentes crises mostraram a estabilidade econômica do país que enquanto muitos países tiveram seus ratings revistos para baixo, foi capaz de manter uma posição estável atraindo investimentos. Segundo reportagem da revista Exame de 2010, com a fusão da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) com a Bolsa de Mercados e Futuros (BM&F) foi criada a terceira maior bolsa do mundo em valor de mercado, o que só vem a enfatizar a representatividade da BOVESPA no cenário financeiro mundial e do Brasil como captador de recursos.  

            Segundo dados disponibilizados pela própria BOVESPA, parte representativa de seu capital é estrangeiro, sendo responsável por uma maior participação do que investidores individuais brasileiros. Verificou-se crescimento de todos os grupos, sendo que em 2010 os três principais investidores foram as empresas brasileiras com 33% da participação, os estrangeiros com 30% e as pessoas físicas com 26%. Entre os anos de 2009 e 2010, o maior crescimento registrado foi das empresas brasileiras, atingindo uma média diária negociada de R$2,2 bilhões.

             Diferentemente da tendência dos anos seguintes, o Brasil apresentou um fluxo negativo de entrada de capitais estrangeiros no ano de 2008 e isso pode ser explicado pela crise dos mercados. No momento de crise, os investidores se retraem tirando dinheiro do mercado e, principalmente, dos países emergentes que apresentam um risco mais elevado do que economias desenvolvidas aumentando a vulnerabilidade dos emergentes às crises financeiras.

             Já no ano de 2009, houve uma retomada de confiança dos investidores no mercado e os investidores estrangeiros tiveram uma atuação destacada sendo os responsáveis por adquirirem a maior parte das ações nas ofertas públicas do ano. O ano de 2010 seguiu a tendência positiva e apenas no segundo trimestre de 2010 houve fluxo negativo de entrada de capitais estrangeiros devido aos problemas econômicos enfrentados pelos países europeus e a consequente aversão ao risco por parte dos investidores em todo o mundo. Já o terceiro trimestre de 2010, foi marcado por forte entrada de capitais, grande parte devido à oferta de ações da Petrobras.


Referência:

 Relatório anual de 2010 - BM&F BOVESPA S.A. 

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