terça-feira, 26 de junho de 2012

INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS NO SETOR DE INFRAESTRUTURA DOS PAÍSES EMERGENTES

(Gustavo Valle)

O investimento estrangeiro em projetos de infraestrutura no Brasil soma US$ 15,5 bilhões nos nove primeiros meses de 2011. Os setores mais ativos são o de telecomunicações, com US$ 6 bilhões e petróleo, com US$ 4,9 bilhões.

A fatia dos investidores estrangeiros em projetos de infraestrutura ainda é baixa. A maior parcela segue sendo financiada pelos bancos oficiais, como o BNDES. Isso revela uma dependência do país de recursos públicos para financiar infraestrutura, o que representa um sério limitador de expansão.


Nesse caso, o principal instrumento de financiamento de longo prazo no país, o BNDES, não vê riscos de redução do ritmo de desembolsos para projetos de infraestrutura no ano que vem.

Outro importante canal é o Banco Mundial. Segundo o coordenador de infraestrutura para o Brasil, a previsão é financiar cerca de US$ 3 bilhões nos próximos anos. O Banco Mundial não reduzirá os investimentos no país. Há uma demanda forte de projetos.

 Entre as áreas consideradas mais importantes para o Banco Mundial estão as de saneamento e transporte urbano. Projetos que promovam inclusão social e redução da pobreza são sua prioridade. Um terço dos investimentos em infraestrutura vai para o setor de transportes – maior desembolso do banco –, seguido da gestão pública e do saneamento básico; além de energia, habitação e urbanismo.

 Investir em transporte no país é vital, pois o custo logístico representa 18% do PIB brasileiro. As atenções do banco, antes concentradas Sul-Sudeste, vão se voltar para projetos no Norte e Nordeste do país.

No BNDES, a prioridade dos investimentos em 2012 vai para o setor de infraestrutura. Aí estão projetos do setor elétrico, hidrelétricas, PCHs (pequenas centrais hidrelétricas), usinas eólicas e de cogeração. Os projetos do PAC, entre eles os de logística de transporte (ferrovias), são prioridade. Os projetos hidrelétricas do Rio Madeira são os maiores aprovados pelo BNDES.

 O Brasil tem atraído a atenção de investidores estrangeiros por conta do bom retorno oferecido pelos projetos. De forma geral, não se teme o impacto da crise internacional para o financiamento desses projetos. O Brasil apresenta boas oportunidades de negócios e, com a crise, poucos lugares oferecem taxas de retorno como as do Brasil.

A importância dos investimentos diretos na infraestrutura brasileira passa a ser bidirecional: são relevantes os ingressos estrangeiros no País, que contribuem para o financiamento da expansão de nossa infraestrutura, quanto os fluxos brasileiros no exterior.

Em termos quantitativos, a base de dados de infraestrutura do Banco Mundial aponta que 29% do valor dos investimentos comprometidos em indústrias de infraestrutura nos países emergentes no período 1996-2006 foram investimentos estrangeiros. Na América Latina, este percentual é inferior, de cerca de 20%, o que indica que os países desta região poderiam contar, de forma bem mais significativa, com uma fonte de financiamento que vem sendo mais relevante na expansão da infraestrutura de outros países em desenvolvimento.

O maior investidor estrangeiro em infraestrutura no mundo atual é o Reino Unido, que possuía, em 2006, um estoque de cerca de 208 bilhões de dólares investidos nesta área. Em seguida vem a França, com mais de 100 bilhões, a Espanha (90 bilhões) e os EUA e o Canadá, respectivamente com 49 e 42 bilhões investidos.

As tendências de IED para países emergentes refletem basicamente as políticas adotadas pelos governos destes países, visando atender as demandas colocadas pelas ETNs (empresas transnacionais) com relação aos fatores externos (vantagens de localização), principalmente na modelagem dos ambientes favoráveis: econômico, político-legal, sócio-cultural e tecnológico.
É de suma importância, para o Brasil, a revitalização dos investimentos diretos na área de infraestrutura, nas duas direções, de entrada e de saída. Há uma vantagem evidente na crescente internacionalização desta área, tanto pela presença de capitais e de know-how estrangeiro, quanto pela maior presença brasileira nos mercados internacionais de infraestrutura.

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