segunda-feira, 25 de junho de 2012

IPO de Empresas Brasileiras na Bolsa de Nova Iorque

(Diego Rocha)

  A partir de meados da década de 1990, com a aceleração do movimento de abertura da economia brasileira, o volume de investidores estrangeiros atuando no mercado de capitais brasileiro cresceu de maneira expressiva. Além disso, algumas empresas brasileiras começaram a acessar o mercado externo através da listagem de suas ações em bolsas de valores estrangeiras, principalmente a New York Stock Exchange, sob a forma de ADRs (American Depositary Reciepts) com o objetivo de se capitalizar através do lançamento de valores mobiliários no exterior.

 Ao listar suas ações nas bolsas americanas, as companhias abertas brasileiras foram obrigadas a seguir diversas regras impostas pela SEC (Securities and Exchange Commission), órgão regulador do mercado de capitais norte-americano, relacionadas a aspectos contábeis, de transparência e divulgação de informações, os chamados "princípios de governança corporativa".

Este trabalho aborda esse movimento de lançamento de ações de empresas brasileiras no mercado norte-americano, suas vantagens, desvantagens e consequências para as empresas que o fizeram.

 New York Stock Exchange

A New York Stock Exchange (Bolsa de Valores de Nova Iorque), cuja abreviação oficial é NYSE, é a maior e, juntamente com a Nasdaq e a American Exchange, uma das mais influentes bolsas de valores do mundo.

Está sediada em Wall Street, centro financeiro do mundo, e possui mais de 2.300 empresas listadas, segundo dados de 2005. O mercado de ações americano movimenta diariamente mais de US$ 40 bilhões, 150 vezes mais do que circula na maior bolsa de valores brasileira, a Bovespa.

 IPO de empresas brasileiras

 A abertura de capital, IPO (Initial Public Offering) em inglês, marca a venda das ações de uma empresa na Bolsa. Esse processo permite que os proprietários levantem capital para expandir a companhia e investir em novos negócios.

 A empresa pioneira em lançamento de ações na NYSE foi a Aracruz (hoje Fibria, após incorporação pela Votorantim Celulose e Papel), há mais de 15 anos atrás. Em 2011, já eram 27 empresas brasileiras com ações listadas na NYSE, entre elas Sadia, Pão de Açúcar, AmBev (que teve valorização dos seus papéis de 13% nos últimos sete meses), Vale e Petrobras (valorização de 7% nos últimos oito meses), estando estas duas últimas entre as 35 empresas com mais liquidez da Bolsa de Nova Iorque.

Em número de empresas listadas na NYSE, o Brasil é o terceiro país estrangeiro perdendo apenas para a China e Canadá, com 152 e 68 companhias listadas respectivamente em 2011. Em volume de negócios, porém, a situação é ainda mais favorável para as companhias brasileiras. Elas movimentam cerca de US$ 2,7 bilhões por dia – quase o mesmo montante de dinheiro que circula em toda a Bovespa em um pregão -, perdendo apenas para as empresas americanas em valores movimentados no pregão nova-iorquino.

 Exigências e requisitos

 As exigências para que uma empresa estrangeira lance ações em Bolsas americanas são muitas. A principal delas é a necessidade de divulgar informações ao mercado de acordo com a lei contábil americana, a Sarbanes-Oxley. Esta exigência acaba por afastar companhias, já que os custos para a elaboração dos balanços costumam ser muito altos (podendo chegar a US$ 2 milhões por ano).

 Com os balanços devidamente prontos é preciso conseguir a aprovação da SEC (Securities and Exchange Commission), órgão que regula o mercado de ações local. Além disso, a empresa terá que pagar US$ 150 mil à NYSE para fazer a listagem e depois arcará com uma taxa anual de, pelo menos, US$ 38 mil por ano. O tamanho das empresas brasileiras, porém, não é uma barreira para listagem na NYSE, sendo o valor mínimo necessário para realizar uma oferta de US$ 60 milhões.

 Vantagens de listar ações em Nova Iorque

 O principal objetivo das empresas ao lançarem ações na NYSE é a captação de recursos e diversificação de acionistas. A facilidade de captação de recursos nos EUA se deve ao fato deste país ser o lugar mais barato do mundo para se negociar ações, uma vez que o negócio já é fechado em dólar e liquidado nos EUA, enquanto o Brasil é um dos mais caros.

 Sendo assim, apenas investidores estrangeiros de grande porte possuem estrutura para investir em ações no Brasil. Quando listados na NYSE, os aplicadores de menor porte passam a ter acesso aos papéis, diversificando e facilitando a captação de recursos.

 Outra diferença é o perfil investidor dos dois países. Enquanto nos EUA as ações representam 60% da poupança nacional, no Brasil esse número cai para 2% demonstrando o hábito do brasileiro de não arriscar suas economias em ações.

 Por fim, uma empresa com ações listadas na NYSE ganha em visibilidade, liquidez e valor de mercado, pois se sabe que esta empresa se adaptou aos padrões de contabilidade americanos e obtiveram aprovação do órgão que regulamenta seu mercado de ações.

 Desvantagens para o mercado de ações brasileiro

 A Bovespa é a principal afetada pela migração de empresas nacionais para a NYSE. O primeiro problema são as taxas e comissões pagas por empresas brasileiras para manter ações na NYSE, deixando de pagá-las para o Bolsa de São Paulo.

 Outro caso são empresas estrangeiras que compram empresas nacionais e fecham capital, mantendo seus papéis em bolsas mais fortes. Isso aconteceu com a Brastemp, que foi comprada pela americana Whirpool. Seus papéis foram retirados da Bovespa e centralizados em Nova Iorque.

 Assim, o mercado de ações brasileiro perde uma grande chance de expansão mantendo-se como opção secundária a Bolsas de Valores mais fortes pelo mundo.

 Referências
http://veja.abril.com.br/180401/p_110.html

http://economia.estadao.com.br/noticias/neg%C3%B3cios,bolsa-de-nova-york-quer-atrair-mais-empresas-brasileiras,80244,0.htm

http://www.informaticaeinternet.com.br/corretora/acoes-de-empresas-brasileiras-sao-negociadas-na-bolsa-de-nova-york/

http://exame.abril.com.br/mercados/noticias/vantagens-listar-acoes-nova-york-532242

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