terça-feira, 26 de junho de 2012

Evolução dos fundos "private equity" no Brasil

(Vitor Nunes)

A crise econômica que atingiu os chamados países do primeiro mundo ampliou o diferencial do Brasil e despertou a atenção de investidores para o potencial de crescimento da nossa economia.

O mercado de participações em empresas brasileiras, chamado de private equity, foi um dos que mais cresceu nesses últimos anos e levou o Brasil a assumir o segundo lugar no ranking dos países mais procurados para este tipo de investimento.

Segundo a Empea, no primeiro semestre deste ano, os investimentos em private equity aumentaram 53% no Brasil, gerando mais de 400 transações, contra 280 de 2009. A Associação Brasileira de PE, em estudos com o Centro de Estudos de Mercado de Capitais da FGV, contabiliza US$ 34 bilhões de capital já voltados para investimento.

Os fundos de Private Equity surgiram como uma nova opção de financiamento para pequenas e médias empresas. Esta ferramenta consiste basicamente na criação de um fundo de investimentos através de um grupo de investidores que adquire grandes participações em pequenas e médias empresas, geralmente de capital fechado, construindo assim ativas parceiras entre as mesmas, compartilhando a administração e adicionando valor à empresa.

Quando a empresa atinge um maior nível de desenvolvimento, o fundo de Private Equity diminui a sua participação, obtendo os retornos financeiros visados em seu investimento. Os investidores dos fundos de Private Equity são agentes que buscam um retorno de investimento bem acima da média do mercado, logo estão dispostos a assumir um nível de risco mais elevado.

Os fundos de Private Equity exercem papel fundamental no desenvolvimento econômico. Seus investimentos são direcionados para negócios com grande potencial de crescimento e inovação, propiciam a profissionalização da gestão e incentivam o empreendedorismo, ao financiar empresários com bons planos de negócios, porém com restrições de acesso a capital com custo adequado.

Os fundos de Private Equity e os mercados de capitais possuem uma relação benéfica entre eles. Então, é preciso entender que, para um fundo de Private Equity, um dos principais fatores na decisão de investimento refere-se à estratégia de saída potencial do negócio, pois os fundos têm compromissos para com seus investidores. Portanto, um mercado de capitais forte é condição quase que obrigatória para um mercado de Private Equity igualmente forte.

Um sinal evidente dessa relação, após o advento do Novo Mercado, que impulsionou uma nova realidade ao mercado acionário no Brasil, os investimentos dos fundos de Private Equity aumentaram significativamente e novos fundos estão surgindo no País.

Por outro lado, além de se beneficiar do mercado de capitais, os fundos também contribuem para a sua evolução. Afinal, ao ingressar nas empresas, os fundos de Private Equity ajudam a estruturar a gestão e, sobretudo, a adotar práticas importantes de governança, deixando a corporação melhor preparada para uma abertura de capital. E processos de abertura bem estruturados fortalecem o próprio mercado acionário, incentivando tanto empresas como investidores a analisá-lo com maior atenção.

Os fundos de Private Equity também são fortes incentivadores dos mecanismos de remuneração por ações e opções de ações. Tais mecanismos geram dois incentivos importantes: a condução eficiente da empresa até a abertura de capital, visando maximizar o seu valor, e a manutenção de uma gestão responsável, competente e comprometida após a abertura, cujo julgamento de desempenho estará espelhado na evolução dos preços das ações. Em outras palavras, cria-se um mercado de controle e análise dos gestores por parte do mercado de capitais.

O seu prazo médio de investimento geralmente é maior que os dos fundos de ações tradicionais, basicamente em função da natureza do investimento. Os fundos de Private Equity geralmente procuram altas taxas de retorno. Uma vez que este potencial se realize, o fundo venderá sua participação.

Podemos concluir que os fundos de Private Equity são verdadeiras ferramentas para o desenvolvimento empresarial que vem ganhando corpo no Brasil, proporcionando a evolução da empresa pois incluindo-as ao mercado de capitais, e também estruturam a sua gestão e adoção de práticas importantes de governança.

Diante deste momento de crise econômica vivida nos últimos anos na Europa e nos Estados Unidos, os países em desenvolvimentos, como é o caso do Brasil atraem a atenção dos investidores nacionais e internacionais. As empresas brasileiras podem valer-se desse momento edesses modernos mecanismos de captação de recursos para acelerar o crescimento sem aumentar o seu endividamento.

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